10 agosto, 2012

os trípticos


Europa, 1993-2003
© Paulo Nozolino


Usura é o título da próxima exposição de Paulo Nozolino que será inaugurada no dia 20 de Setembro no espaço BES Arte e Finança, em Lisboa. Este nome (inspirado no canto XLV do poeta Ezra Pound, litania crítica em relação ao ganhos provenientes de juros), a sala escolhida (ligada a um banco) e o momento de profunda crise económico-financeira que hoje atinge Portugal e a Europa podiam fazer antever uma mostra em tom crítico com o passado recente. Contudo, a intenção de Usura é mais profunda e procurará apelar “à memória dentro da actualidade e à compreensão da actualidade dentro da história”. Os nove trípticos escolhidos com o comissário Sérgio Mah abordam acontecimentos fracturantes ao longo do século XX naquilo que é um vasto comentário visual sobre “a infâmia” presente em “desvios traumáticos da Humanidade no decurso da modernidade capitalista” (Auschwitz, o declínio da Europa, o 11 de Setembro…). Motivado por uma abordagem que procura relacionar (confrontar, justapor) imagens, Nozolino recupera ainda conjuntos mais difíceis de situar em tempo e espaço, como o desaparecimento do mundo rural, a religião, a morte e a imigração. Para um fotógrafo que construiu obra sobretudo a partir de imagens únicas, esta exposição é particularmente relevante pelo facto de reunir pela primeira vez quase todos os seus trípticos que começaram a ganhar forma em 1999, com Untitled, Blodelsheim. Este momento, marca, aliás, uma viragem na maneira como passa a encarar a exposição do seu trabalho, mais interessada em potenciar a observação relacional e em estimular uma consciência crítica a partir de um movimento dialéctico entre imagens.

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